sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dica da Amanda de Souza Santos

A dica da Amanda Souza Santos, coordenadora da ESF de Três Rios, complementa a notícia sobre obesidade infantil do G1 que postei.

Ela mandou o resumo da dissertação de mestrado apresentado no Seminário Internacional de Saúde da Criança promovido pela EEAN/UFRJ.

Diz Amanda:
"No dia 01 de agosto de 2011, defendi minha dissertação de mestrado na linha da saúde do escolar e intitulado: A INTERNALIZAÇÃO DE HÁBITOS EM ESCOLARES COM SOBREPESO/OBESIDADE: IMPLICAÇÕES PARA O CUIDAR DE ENFERMAGEM.Encaminho em anexo um resumo do meu trabalho de 2 anos e meio onde traz contribuições para a atenção básica.Obrigada pelo espaço e parabenizo a iniciativa da equipe da atenção básica do estado do Rio de Janeiro... Vamos divulgar informações e compartilhar experiências!!!
Um grande abraço a todos da AB"

 
Segue o resumo da Amanda... Parabéns pelo trabalho, aguardamos novas contribuições!!


              " A INTERNALIZAÇÃO DE HÁBITOS EM ESCOLARES COM SOBREPESO/OBESIDADE: IMPLICAÇÕES PARA O CUIDAR DE ENFERMAGEM.

                             SANTOS, Amanda de Souza ; CABRAL, Ivone Evangelista .

Resumo: As crianças em idade escolar interagem em um meio sócio-cultural dinâmico, plural e diverso, ampliando suas relações para além do ambiente da família. A vida contemporânea na comunidade, incluindo a escola, influencia na internalização de hábitos e na formação social da mente dos escolares, podendo interferir no sobrepeso e obesidade infantil que é considerada uma epidemia mundial e um problema de saúde pública. Estes escolares são considerados CRIANES (Crianças com necessidades especiais de saúde) devido um quadro de doença e uma dependência continua ou temporária dos serviços de saúde, sendo necessária uma abordagem interdisciplinar para acompanhamento e monitoramento do seu estado de saúde. Estes escolares possuem uma demanda de cuidado habitual modificado. O enfermeiro deve estar apto a delinear planos de cuidados aos escolares com distúrbios alimentares, os quais possuem o diagnóstico de enfermagem relacionado a nutrição alterada, intolerância a atividades, má nutrição, vulnerabilidade pessoal e aos processos familiares alterados relacionados ao controle da criança obesa. As escolas em conjunto com a atuação dos familiares, possuem um papel fundamental na aquisição de hábitos de vida saudáveis pelos escolares. Objeto de estudo: A internalização de hábitos (alimentares, de brincar, sono entre outros) em escolares com sobrepeso/obesidade e seus familiares cuidadores, atendidos em um ambulatório de pediatria da rede do SUS de Três Rios (RJ). Os Objetivos: a) Caracterizar os escolares que possuem sobrepeso/obesidade; b) Analisar os hábitos de um grupo de escolares com sobrepeso/obesidade no cotidiano da vida social (casa, rua, escola). O estudo se justifica pelo perfil epidemiológico destas crianças onde as taxas de sobrepeso/obesidade estão aumentando em ritmo acentuando; pela fragilidade clinica que estas crianças possuem devido uma alteração do estado nutricional que as pré-dispõem ao adoecimento, criando assim um grupo emergente de CRIANES e devido uma lacuna no conhecimento científico que investiga o fenômeno dos hábitos de vida influenciando o sobrepeso/obesidade dos escolares. Materiais e Métodos: Estudo qualitativo, desenvolvido com o método criativo sensível (MCS) teorizado por Cabral (1999) onde emergem produções artísticas da experiência individual para o espaço de discussão grupal e de reflexões coletivas. O suporte teórico de Vygotsky (2007) enfatiza o contexto sócio-cultural, como mobilizador do contexto intrapessoal na internalização de conhecimento e da aprendizagem social. Assim, os hábitos, valores e costumes da vida sócio-cultural dos escolares nos ajuda a entender que o sobrepeso e a obesidade é parte da formação da mente da criança. Foram Respeitadas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, realizado submissão da proposta de pesquisa à Secretaria Municipal de Saúde do município de Três Rios, encaminhamento de projeto ao CEP e aplicado os TCLE aos pais e o TALE aos escolares. A dinâmica utilizada foi a do concreto, onde o grupo foi levado a manipular concretamente os objetos induzindo ao pensamento concreto e a uma demonstração do real. Realizamos quatro dinâmicas, sendo duas com quatro escolares cada, uma com três familiares cuidadores e uma com quatro familiares cuidadores, sendo cinco destes familiares das mesmas crianças que participaram das dinâmicas com os escolares. As mesmas questões geradoras de debate foram aplicadas na dinâmica com os escolares e os familiares: Dos objetos que estão à disposição, quais vocês colocariam na cesta da casa, escola e da rua, porque vocês (indicam para) ou comem, brincam ou usam? A Análise do Discurso foi adotada para tratamento dos dados, pois se considerou o discurso como uma reprodução dos acontecimentos e eventos que se travam no cotidiano das interações sociais das pessoas, refletindo sua ideologia (Orlandi, 2001) Resultados: Os hábitos que se relacionam com o sobrepeso/obesidade foram agrupados em três categorias: preferências alimentares; preferências por brincadeiras e preferências por outros hábitos nos ambientes da escola, da casa e da rua. Na primeira, tanto no interdiscurso dos escolares como dos familiares, a escolha pelos alimentos é determinada pela autonomia dos escolares na escolha, seja através de dinheiro fornecido pelos familiares, pela facilidade de acesso as vendas que são localizadas perto do colégio, a cantina do colégio, ao supermercado da cidade, ao mercadinho da rua, a padaria do bairro, pelo baixo custo dos produtos alimentícios populares, em geral com baixo poder nutricional, pela propaganda dos personagens infantis associados aos programas televisivos. Estes fatores remetem a uma cultura dos alimentos industrializados pré-prontos, processado, embutido, comprado. Quanto às brincadeiras destacaram-se o videogame, Lan House, brincar na praça do bairro nos finais de semana sob a supervisão dos familiares cuidadores.Estes fatores remetem a Cultura das brincadeiras sedentárias Quanto aos outros hábitos dos escolares, conclui-se que os hábitos de sono e repouso estão alterados, devido jogos noturnos de vídeo-game e televisão (novelas). O hábito de movimentação da criança da casa à escola é realizado através dos ônibus, carro, na garupa da bicicleta; quando a escola é no bairro em que os escolares residem vão a pé em uma caminhada de menos de 5 minutos. Estes fatores remetem aos hábitos que estimulam o sedentarismo. Dentre as interações sociais dos escolares e de seus familiares cuidadores no hábito alimentar, no hábito de brincar e nos outros hábitos é recorrente a enunciação da figura da mãe, do pai, da avó e dos pares, permanecendo em algumas dinâmicas no não-dito a figura da escola e dos profissionais da saúde. Conclusão: Os escolares possuem autonomia na escolha da alimentação que consomem na rua, na escola e na casa e sofrem influencias de fontes estimuladoras de hábitos, como: a mídia, a televisão, e o paladar atrativo, optando sempre por alimentos calóricos e industrializados. As brincadeiras sedentárias foram as mais desenvolvidas pelos escolares e no ambiente da casa eles possuem mais autonomia no brincar. Seus familiares não os permitem brincar na rua, mesmo em uma cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. A violência foi o principal fator desencadeador da restrição as brincadeiras ativas na rua. Dentre os outros hábitos internalizados pelos escolares, os hábitos de sono e repouso encontra-se alterado devido a atração pela televisão (jogos, novelas) e os hábitos de locomoção prevalece o sedentário (carro, garupa da bicicleta e ônibus).Nas interações sociais mediadas por pessoas, a figura da mãe, do pai, da avó e dos pares aparecem atuando na zona de desenvolvimento potencial do escolar, ficando no não-dito a figura da escola e dos profissionais da saúde. Implicações para a enfermagem: é preciso desenvolver programas de educação em saúde para os familiares e escolares, no sentido de problematizar as diversas escolhas dos escolares e de seus familiares cuidadores e suas implicações para o sobrepeso e obesidade. Na escola, faz-se necessário desenvolver no plano de ação do PSE (Programa Saúde do Escolar), em parceria com as Unidade de Saúde da Família (USF) a fim de que o Enfermeiro possa promover a conscientização dos dirigentes da escola, professores e proprietários de cantina quanto aos produtos alimentícios a serem comercializados; estimular a participação dos escolares em atividades desportivas, competitivas em caráter regular e permanente no ambiente da escola. Na mídia, desenvolver campanhas publicitárias estimulando o consumo de alimentos de alto valor nutritivo para a promoção da saúde do escolar e desenvolver programas que incentivem a prática de exercícios físicos.
               Palavras chave: saúde escolar, obesidade, enfermagem pediátrica."


Bom final de semana!!

 
Ana Cristina Castro

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